domingo, 25 de março de 2012

Como uma gaivota
















E de repente
Tudo escureceu na minha frente.
Não vi mais aquele sorriso
Outrora tão desejado,
Não senti mais aquela paz
Por todos, cobiçada.
A angústia tomou conta do meu coração.
Essa tristeza não tem razão de ser,
Mas a dor que meu peito oprime
Me torna fria e agressiva.
Ando a beira da praia
Como louca a procura do nada.
Observo as gaivotas
Voando tranquilas e serenas
Como se o mundo lhes pertencessem.
Quem me dera poder fazer o mesmo!
E por que  não?
O que me impede de pensar que o mundo é só meu?
Ou que sou livre para fazer o que eu quiser?
Sentimentos!!!
Será que as gaivotas sentem?
Será que elas sabem o que é amar?
Amar um amor
Amar sua família, o próximo...
Será que elas sofrem por esse amor?
É esse o amor que nos escraviza?
É essa a dor que nos corroem?
É esse o sentimento que nos faz pensar
Que estamos perdidos no mundo?
Talvez eu seja complicada demais
Para ser entendida.
Às vezes também não me entendo.
Eu quero, mas...
Não sei o que quero.
Eu só queria viver
Como vive uma gaivota.

RJ-09/03/1981

A Lua e eu



















Eu, cá embaixo
Tristonha e calada
Tão só isolada
Pensando na vida
Olho para o alto
Vejo a lua
Tão só quanto eu
Mas límpida e bela.
Linda com seus raios luminosos
Que chegam à Terra
Como as gotas de felicidades
E às vezes de amargura
Chorando o mundo
Iluminando o casal de namorados
Que se beijam na esquina
Alegrando a vovó
Que passeia com sua netinha
Divertindo o menino
Que brinca com seu cachorrinho
E fazendo companhia à pessoas
Que como eu, estão sós.
Recordando o passado
Querendo saber do futuro
Sem viver o presente.
Quem me dera ser alua
Para olhar do alto
O mundo que aqui está.
Talvez assim eu entendesse as pessoas.

13/02/1981

Noite estrelada
















É noite
De estrelas
Escura noite
E serena
Que vem abrigar o tédio
E cobrir de mistérios
A madrugada que chega
Cansada, sufocante,
Mas bela.
Bela em seu vazio
Que enche de amor
Os corações solitários
De saudades e esperanças perdidas
É noite
De estrelas
A lua enamorada
Tenta alegrar a madrugada
Com sua luz reluzente,
Apaixonada
É noite
De estrelas

Fev/1981

Porque Amar?





















Cor
Flor
Dor
Crepúsculo do amor
Ninguém ama sem sofrer
O amor existe e traz o sofrimento
O sofrimento existe porque existe o amor
O amor é a vida
Mas a vida não é o amor
A vida também é dor
A dor de viver o dia que não se quer viver
É como viver na morte
E o que é morte?
Morte que me atemoriza
Que ao mesmo tempo me fascina
Morte que não quero ver
Mas que enche meu pensamento de perguntas:
Se a morte faz parte da vida
Por que quem morreu não vive ainda?
Para que viver?
Por que morrer?
Por que amar?

Jan/1981

O telefone

















A cada segundo que passa
Passou uma eternidade
O dia inteiro parece uma vida
Que custa a passar
Espero ansiosa a noite chegar
Corro para casa e espero o telefone tocar
Trimmm!!! Trimmm!!!
O meu coração dispara
Espero gritarem o meu nome, mas...
Não era para mim.
Meu coração está apertado
Meus olhos enchem-se de lágrimas
Trimmm!!! Trimmm!!!
O toque do telefone outra vez
Uma nova esperança nasce em meu coração
Novamente não era para mim.
Volto ao meu quarto, desiludida
Apago a luz
E na penumbra da noite
Desato a chorar
Choro... e choro a noite toda
Não quero acreditar
Que você já me esqueceu
Que você não vai voltar.

Jan/1981

terça-feira, 6 de março de 2012

Seus olhos















Vejo em seus olhos
Uma luz que me ofusca
Que me inunda de amor
Que me mata no caminho

Vejo em seus olhos
Uma luz que me deixa perdida
Mas neles eu te procuro
Para me sentir amada.

Em seus olhos me reflito
Como se espelhos fossem
Imagino mil loucuras
E pergunto se me ama

Mas seus olhos fogem do meu
Como se temessem algo
Como se quisessem
Esconder alguma coisa

E nem assim meu olhos desviam dos seus
Há algo neles que me atrai.
Gosto de me sentir atraída
Mas temo não ser tão querida

É tão grande meu sentimento
Que chego a duvidar
Que exista amor no mundo
Maior que o que quero lhe dar

Amo você



















Na beleza de sonhos contidos
Nas angústias de noites em claro
Vejo-te num sono profundo
E te olho cheia de amor.

A serenidade de tuas faces
E o magnetismo de teus olhos
Fazem-me ver que a felicidade existe
E pode durar uma eternidade

Mas a realidade vem à tona
E transparece a infelicidade
Por não poder estar
Sempre com você ao meu lado

Amo-te cada vez mais
E a cada dia que passa
Aumenta o meu desejo
Eu te quero em todos os momentos

Você desperta em mim
A alegria de viver
E me faz renascer
A cada minuto que passa

O meu amor por você
É difícil de expressar
É eterno, é puro.
É minha vida, é meu ar

Palavras são palavras
E muitas ainda eu queria de dizer
Mas páginas seriam poucas
Para tudo que poderia escrever

Dez/1980