terça-feira, 10 de março de 2015

Irreal

















Até parece
Que a gente padece
Em ser real ou imortal

A voz que entristece
Que fala, que carece,
De ser uma voz natural

O sonho que desce
De uma estrela que cresce
O sonho que é irreal

O dia que anoitece
O sol que desaparece
Repetindo tudo sempre igual

(27/12/1982)

Uma noite de amor
















Meu corpo descansa sobre teu corpo
Tuas mãos macias me acariciam
Teu sorriso me traz alegria
Tua voz irradia beleza
Teus olhos me mostram tristeza
Me perco na fantasia
Abraço minha poesia
Agarro-me aos meus desejos
Deleito-me em teus braços
Minha voz soa rouca e cansada
Meus olhos se fecham aos poucos
Caio num sono profundo
Meus sonhos me levam para longe
Tocam minha alma de leve
E me trazem uma alegria serena
Acordo e vejo teu rosto
Meu olhando com olhos de amor
Beijo tua boca
E me perco em você outra vez.


(23/12/1982)

Doce ilusão



















Canto uma nova canção
Que me faz sorrir.
É a doce ilusão
De um dia ser feliz.
Procuro uma paixão
Que me faça sonhar,
Que me roube o coração
E me ensine a amar.
Quero abraçar o mundo,
Meu peito explode de emoção.
Procuro bem lá no fundo
Aquela doce ilusão


(23/12/1982)

Insônia

Rolo de um lado para outro
Na cama, sem poder dormir.
Viro de bruços, viro de lado,
Não adianta insistir.
Deito de costas, olho para o teto
Meu quarto escuro reflete uma luz.
Penso em ti
Minha cabeça está a mil
Procuro-te nos sonhos
Te encontro sorrindo
Me recosto em teus ombros
E durmo feliz


(22/12/2982)

Um novo amor

A dor que meu coração sentia
Passou por uma grande euforia.
Uma nova esperança brotou,
Um novo amor encontrou.
O pobre infeliz que sofria
Ainda não se libertou,
Pois se o amor antigo doía
Da paixão que nada restou,
O novo amor inicia
Pra refazer o que o outro matou.
Vivo cada minuto, cada dia,
Radiante de alegria
O passado se foi, ficou,
Não volta mais o que passou.


(22/12/1982)

Em fúria
















Teus olhos vertem
A fúria da ira
Que em ódio convertem
O que por mim sentira.
O sangue que em tuas veias correm
Não parecem sangue,
Mas sim lavas que expelem
Um vulcão em erupção.
Tuas mãos de carícia
São garras que arranham,
Imitando delícias,
Matando os que sonham.
Teu olhar lança setas mortais
Que ferem minha alma.
Por mais que me esconda
Elas me farejam e me acertam.
Aquele bichinho chamado ódio
Percorre por teu corpo
E me queres morta e estirada no chão,
Tu me olhas e me agrides
O sangue te sobe a cabeça
E não tem mais solução


(15/12/1982)

Ilusão























Tem dias que me sinto
Como se eu não existisse
Tudo me parece ilusão
A vida me joga de lado
Me larga e me deixa na mão
E eu só, no meu canto
Parada, penso numa canção
P’ra espantar o meu pranto
E esquecer minha paixão


(24/10/1982)

Poesia

















Luz acesa
Madruga fria
Eu me refugio
Escrevendo poesia

Que me dera ser poeta
Para poder expressar
Amar ou agredir
Através de poemas

(07/10/1982

domingo, 1 de março de 2015

Preâmbulo


















Noite solitária
Um quarto fechado
Um vulto perdido procurando um espaço

Tudo escuro
Tudo estático
O tempo passa depressa demais

Um gemido
Um grito de dor
Um alerta para o amor

Um ruído
Uma explosão
Eclodiu meu coração


(07/10/1982)

Memórias

















Um dia acordei e refleti sobre minha pessoa.
Fui criança, levada e sapeca
Não conhecia nada da vida e
Ignorava os problemas do mundo.
Vivia ali quietinha, no meu mundinho infantil.
Viver para mim era brincar com outras crianças,
Correr, passear...
Aí fui crescendo,
O mundo foi se modificando.
Meus amiguinhos ficaram distantes
Mudaram de bairro, cidade, tudo mudou.
Mas eu queria continuar sendo aquela criança
Alegre, despreocupada.
Estudava muito, pois queria ser médica.
Mas ainda faltava tanto para crescer
Que eu nem me importava com o futuro.
Era tão bom ser criança!
O tempo foi passando
E eu fui ficando cansada.
A vida estava me entediando e eu não sabia o porquê.
De repente eu acordo e olho para o passado.
Perdi meu tempo tentando não crescer.
Tive medo de ser “gente grande”,
De enfrentar a realidade.
E agora me deparo com ela, frente a frente,
E não sei o que fazer.
Sinto que o mundo desaba sobre minha cabeça
Penso que estou morrendo
E ainda nem vivi.


(14/09/1982)

Saudade de você


















Dia após dia
A saudade batia
E ardia
Dentro do meu peito,
Sem mesmo ter direito,
O amor em agonia.

Agora o que me resta
Uma porta ou uma fresta?
Cantaria uma seresta
Pedindo prá você voltar
E depois de muito chorar,
A dor se manifesta


(27/07/1982)

Mais uma reflexão
















Era claro como o dia,
Uma flor se abria,
Nascia uma alegria
Incontrolável, comovia.
Caia a tarde sombria
E a alegria sumia
De nada adiantou
O que passou, passou.
Só nos resta o que sobrou.
Sonhei com a liberdade
Achei muita maldade
Nasci nesta cidade
Também vi felicidade
O amor em ansiedade
Surgir fez a claridade
Resplandeceu um novo dia
E novamente a luz surgia
Senti toda a magia
Sonhei com uma nova alegria
Uma outra luz emitia
Tudo o que o corpo sentia
Tudo o que feliz me faria
Indaguei: - O que de mim seria?


(26/05/1982)

Perdi você


















Meu coração sangra,
Atordoada permaneço atenta,
Mas a voz que fala some de meus ouvidos.
Passo a ouvir a voz de uma pessoa distante
Que neste mesmo instante nem lembra que eu existo.
Seu nome transtorna meus pensamentos,
E a sensação de sua presença é como espada de dois gumes
A retalhar minha alma.
Esforço-me para não desligar-me de mim mesma
E para não me deixar
A mercê de meus pensamentos.
Dei uma pausa para mim,
Saí da sala, caminhei pela avenida,
O frio corta minha pele
Como o meu amor corta meu coração.
Telefonei procurando alguém para me encontrar,
Não estava lá.
Olho ao redor,
Há muitas pessoas na rua, mas não vejo ninguém.
Ainda estou atônita,
Volto à sala,
As vozes ainda falam,
Mas é como se zumbissem no meu ouvido.
Meu pensamento está distante,
Meus olhos ardem como se tivessem chorado muito.
Releio o que escrevi,
Acho que morrer não é tão triste quanto amar.
Revolto-me,
Não me conformo em perder o meu amor.
Lutarei até ao fim
Mesmo que para isso
Eu tenha que ver a minha morte.
Já são dez horas da noite,
Eu penso em você, meu amor,
Eu te quero muito.


(06/05/1982)

Não vou chorar























Se sonhar fosse alegria,
Captar a sensação de folia,
Como feliz eu seria.
Há uma bomba para estourar.
Meu peito não vai aguentar.
Mas sei que não devo chorar.
Chamam-me de covarde,
Mas forte me acho demais.
Senão eu não conseguiria
Essa dor suportar.


(28/04/1982)

Decepção


















Eu sempre sonhei um dia
Lutar pelo amor que sentia
Idiota fui e sou
Amar quem não me amou

Não posso mais fugir
A dor em mim reinou
Basta desse sonho impossível
Acabe essa alegria sem paz

Rolo nesse chão acessível
Retalho a dor que me faz
Achar que te amo demais
Sou livre para o meu querer
Cansei de esperar por você
Hoje ainda sonho contigo
Mas choro de decepção
Inda que fosse possível
Decapitar a minha paixão
Te quero de um modo incrível


(28/04/1982)

Divagando





















Mar e poesia
A vida tem para dar.
Rancor e agonia,
Impossível negar,
A gente também sentia.

Grito de dor
E também de alegria.
O próprio amor
Ressurgiu um dia.

Gravura sem cor,
Arte sem magia.
- Nada a propor
Alguém me dizia.
Depois de mim
Eu só, me queria.

O meu lugar
Lá em cima eu via
Imagine só
Voar... eu? quem diria!
E fui mesmo
Inda que loucura seria.

Ri de mim mesma
A alegria que senti
E ainda vivia.
Só novamente estou,
Isso é covardia.
Longe meu sonho ficou.
Volta p’ra mim, alegria,
A luz aqui se apagou.


(28/04/1982)

Da dor que sinto
















Minha mente caminha
Pelas trevas da poesia.
Meu coração amargurado
Agarra-se numa única esperança.
Meus olhos derramam lágrimas
Que saem do fundo da alma,
Meu corpo se contorce de dor,
Da dor que sinto cá dentro,
Do amor que me deixa sem jeito,
Sem vida e sem argumento.
Sem argumento para lutar
Por um amor que não deixam sair,
Um amor impedido de amar
E que prestes está a explodir.
Já não agüento mais
Esta pressão no meu peito.
Explode logo de uma vez!
Acho que tenho o direito
De tentar ser feliz outra vez.


(01/04/1982)

Desejos























Um amor assim complicado
Você faz e desfaz
Não vê que eu estou lhe esperando
Assim não agüento mais

Eu lhe quero e não abro
Quero você só p’ra mim
Você não vem p’ro meu lado
Isso não pode ficar assim

Só a sua presença
Dá vida ao meu viver
Por favor, não desapareça
Eu lhe amo! É o que eu quero dizer

Deixa-me cobrir-lhe de beijos
Deixa-me sentir seu calor
Mil loucuras, desejos,
Só quero ser o seu amor


(01/04/1982)

Amor Incompreendido















Amo quem não deveria amar
Quero quem não posso ter
Para quê continuar a viver
Se tudo o que eu quero é te amar?

Meu coração partido
Minha alma perdida
Nada faz sentido
Quero-te na minha vida

Meu amor é forte
Mas não posso esperar
Se você não me amar
Dou adeus à minha sorte

Palavras não há mais para dizer
Que atitude posso eu tomar?
O que me resta fazer
Senão te amar e amar e amar...


(31/04/1982)

Sem rumo


















Ando atônita, sem rumo,
Já não encontro forças
Para sobreviver.
Meu caminho é um desvario,
Uma pista sinuosa
A caminho do nada.
Parto para algum lugar,
Não sei nem aonde devo chegar,
Ou se quero chegar a algum lugar.
A vida vai passando,
O tempo está correndo
E eu,
Aos poucos vou morrendo.
Morrendo, mas querendo viver,
Morrendo de paixão e desejo
Por algo que não sei.


(16/05/1977)