terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Tédio



















Onde estou?
O que represento?
O que eu quero?
Tenho sede de justiça.
Tenho fome de liberdade.
Sou livre de pernas e braços
Mas atada na alma.

Agarro-me no tempo
Para desintegrar-me no espaço
Flutuo sobre as ondas dos mares
Que trepidam as rochas com sua ira.
O vento me faz voar para longe,
Para muito longe.

Um futuro que ninguém conhece,
Que quando se próxima me atemoriza
E para no caminho querendo voltar a trás
Com medo do que está para chegar.
Tenho que seguir em frente
Preciso vencer esta barreira
Oh, Deus! Ajude-me,
Porque já me sinto fraca
E minhas pernas não aguentam mais andar.

Dez/1980

Se eu pudesse...



Se eu pudesse viver
Viveria de maneira que houvesse
Somente paz no meu coração
Afastaria o ódio e o rancor da minha vida
E daria lugar para o amor e a alegria.

Se eu pudesse voar
Voaria tão alto e tão longe deste mundo
E iria viver num mundo menos egoísta
E menos mesquinho do que esse que vivemos.

Se eu pudesse saber
Quereria saber apenas das coisas boas
Que um dia existiu
Em um mundo que deixou de ser mundo.

Se eu pudesse falar
Falaria apenas
Na beleza da vida
Que hoje não mais existe.

Se eu pudesse entender
Entenderia as atitudes de certas pessoas
Se eu pudesse sonhar,
Se eu pudesse sorrir,
Se eu pudesse amar...
Como seria bom viver.

Nov/1980

Por que?

























Por que existo?
Por que insisto?
Por que desisto?
Por que não calo?
Por que não falo?
Por que amo?
Por que desamo?

O que me apavora?
O que me devora?
O que me assola?
O que me abate?
O que me combate?

Não quero viver.
Não quero sorrir.
Não quero chorar.
Não quero saber.
Não quero intervir.
Não quero falar.
Eu só quero é amar. 

Nov/1980

Do outro lado do espelho



















Olho através do espelho
Vejo uma figura fumegante
Envergonho-me, fico vermelho
Estou vendo meu semblante.

Faço caretas diante da imagem
Logo me ponho a sonhar
E lá estou eu, numa viagem
Para bem longe, no além mar.

Aí, recordo-me da realidade
Não é proibido chorar
Mas para dizer a verdade
É preferível acordar
E matar a saudade
Antes que ela venha me matar

Nov/1980

O mundo em que vivemos























Que mundo é esse que vivemos?
Que vida é essa que nós temos?
Vive-se no mundo ainda?
Não acredito.
Aqui ninguém vive.
Ninguém conhece ninguém.
Ninguém ajuda ninguém.
Pra que vivemos?
Onde nos levará o futuro?
Existirá um futuro?
Como será esse futuro?
Do jeito que o mundo caminha
Não existirá futuro.
Os humanos já não serão mais humanos
A vida não será mais vida.
Seremos todos autômatos
Ao teremos mais carinho nem compreensão
Veremos nas expressões das pessoas
Apenas rancor e ódio.
Todos querendo matar-se mutuamente.
Andaremos nas ruas
E veremos marginais à solta
E nada poderemos fazer.
Veremos o mundo se acabar
Sem flores para florescer
Sem pássaros para cantar.
Sem o sol para nos iluminar
Sem o dia para clarear
Apenas a noite para nos matar.

Nov/1980

Sede de amor


















Sinto-me confusa,
Estou perdida no tempo.
Olho minha imagem no espelho e pergunto:
- O que faço eu aqui?
O espelho emudece e eu me desespero
Na ânsia de querer viver,
De amar e ser amada,
De olhar para as pessoas
E acreditar que somos humanos.
Mas quando observo a humanidade
Percebo que só há desprezo e rancor.
Devoram-se uns aos outros
Pela ganância do dinheiro.
Esquecem que suas mãos servem para acariciar,
Suas bocas para beijar
E seus corações para amar e perdoar.
Amar...
Por que essa palavra soa tão violenta nos ouvidos das pessoas?
Por que não se deixar levar pelas carícias de mãos sedentas de amor,
Pelo abraço mais forte
Que termina com a dor.

Nov/1980

Cântico romântico




















Te quero, te quero tanto,
Que pra mim parece espanto
De tanto que te quero bem.

Te amo, te amo tanto,
Que fico só, no meu canto
Esperando e você não vem.

Se amar você me devora
Pensar em te perder me apavora
Não quero te perder também
Não quero ver você indo embora
Quero que diga que me adora
E eu serei feliz só com você, meu bem.


nov/1980

Eu sem você

























Quero seguir os teus passos
E caminhar nos teus caminhos.
Quero dançar no teu compasso,
Depois sentir os teus carinhos.
Vou me entregar aos teus abraços
E rolar meu corpo em desalinho.
Vou esquecer meu cansaço,
Deixar o amor surgir sozinho.
Quero sentir o teu abraço,
Beijar teu corpo de mansinho.
Depois do amor, no embaraço,
Dizer-te aos ouvidos baixinho
Eu sem você me desfaço,
Nunca me deixe sozinho.

Escuridão


















Anoiteceu...
O dia acabou.
Uma lágrima rolou.
O amor desabrochou.
A dor voltou.
E eu, para onde vou?

Reflexão























Quanto mais penso no mundo
Mais dele me aborreço
Mais ainda vou ao fundo
Mais por dentro apodreço

         Há dias na vida da gente
         Que melhor seria não existir
Para não sentir constantemente
A dor de ter que partir

Como sombra no meu pensamento
Vou seguir os passos teus
Para não esquecer num só momento
Os dias felizes que Deus me deu.

Desabafo




















Vida inútil é a minha,
Já que não tenho paz.
Porque vivo sozinha
E o mundo por mim nada faz.

Melhor seria morrer
Para a dor amenizar.
Para deixar de sofrer
E não ver o mundo se acabar.

O calor humano não existe,
É difícil de acreditar.
O povo está cada vez mais triste,
Pois não sabe o que é amar.

Quero chorar, não consigo,
Minhas lágrimas já não podem rolar.
Tudo na vida é um castigo
Não se pode nem chorar.

Aqui deixo meu sentimento
Já que não posso falar.
Queria poder, num lamento,
Um dia desabafar.
Minha vida é um tormento
Por favor, deixe-me falar.

Fantasias


















Depois de uma noite sisuda
Veio a manhã zombeteira
Zombar da dor já aguda
De uma alma forasteira.

Só, na noite que em nada ajuda
Quase fiz uma besteira
Da árvore da vida arranquei uma muda
Para viver sem beira nem eira.

Encontro-me calada na rua
Vagando pelo mundo afora
Não quero ficar vendo a lua
E saber que amanhã ela vai embora.

Quero viver da bravura
E ser uma andorinha canora
Transmitir as palavras mais puras
Amenizando a dor que os devora.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Metamorfose

Foto: http://4.bp.blogspot.com/-ioeumJ9bYE8/TZdK4QTBDcI/AAAAAAAAAac/
ItR-dBqDT3o/s1600/metamorfose.jpg  
























Sonhei.
Sonho louco, doido, amorfo.
Sonho de quem não tem o que fazer.

Então pensei...
Pensamento bobo esse.
Pensei que estava pensando.

Sorri.
Sorriso irônico, maldoso, gostoso.
Sorriso para fazer sorrir.

Cantei.
Ih! Desafinei.
Faz de conta que não cantei.

Gritei.
Todo mundo ouviu.
Que vergonha!
Mas também desabafei.

Chorar?
Não, não chorei.
Tenho família, amigos.
Eles me querem bem.
Se alguém não me quiser?
Hei de não o querer, também.


Out/1980

Dia de Rotina


Foto: http://poetizandoconfissoes.blogspot.com/2011/03/rotina.html












Homens atropelam-se nas ruas
Porque estão apressados.
Os carros aceleram, têm pressa.
Mas o sinal está fechado.

E esse ônibus que não vem?
Os pontos estão lotados
Todos têm pressa
Querem chegar logo aos seus destinos.
Querem viver cada minuto de suas vidas.

Alguns jovens vagam despreocupados pelas ruas.
Que importa se a gasolina subiu outra vez?
Eles não têm carro!
Estão lutando por uma democracia?
...

O vento brinca com meus cabelos.
Estamos correndo agora.
Correndo atrás da vida,
Dizendo a ela para não ir embora.
Eu não quero morrer ainda.
Há muita coisa para se fazer.
Eu quero é viver.

Out/1980

Desencontro


























Procuro-me e não me encontro.
Onde estou?
O que sou?
Como sou?
Por que sou?

Estou em um canto qualquer do universo
Se é que já não entrei em órbita.
Sou tão insignificante quanto um grão de pólen
Que se perde no horizonte através do infinito
Sou como uma pedra que atrapalha o caminho das pessoas nas ruas.
Que deve ser chutada, pisada. Atirada, escurraçada do mundo.
Por que sou?

Out/1980

Um abraço


Um abraço
Não dado, mas sentido.
Um abraço
Sem o costumeiro entrelaçar de braços
Mas vindo do fundo da alma.
Um abraço fortíssimo
Não com a força física,
Mas com a força que une os corações
Formando um só pensamento,
Um só destino, uma só pessoa.
O abraço mais abraçado de todos os abraços.

Out/1980

Contagem regressiva para uma despedida


10... 9... 8...
Parece que foi ontem que eu deixei amigos antigos
Para conhecer gente nova.
7... 6...
E tudo aconteceu em menos de um mês.
5...
Fui para um lugar desconhecido
Sem nenhuma vontade de ir.
Fui apenas porque não tinha outro jeito
4...
Agora não quero partir.
Sinto um aperto no meu coração.
Minhas mãos tremem.
Lágrimas rolam dos meus olhos.
3...
É a saudade que já explode no m eu peito.
Queria poder ficar.
Recordo-me de todos os momentos alegres que passamos juntos,
Das brincadeiras,
Dos risos.
2...
Minhas lágrimas misturam-se com meu sorriso de felicidade e dor.
1...
O tempo está passando, já não posso ficar.
Deixo com vocês meu coração e meu pensamento.
Cuidem bem deles.
Conservem sempre acesa a chama dessa grande amizade.
... zero
Chegou a hora
Tenho que ir.
Adeus!!!

Out/1980

Dor da despedida



















A saudade que invade o meu peito
Transcorre a noite num tormento.
Sinto-me encurralada, não tem jeito
É grande demais o meu sofrimento.

Tudo em mim é tristeza.
Até a natureza já chora
Pela despedida, com certeza,
Daquele que vai embora.

Não chore, meu bem, não é preciso.
É a vida que nos diz
Tem gente querendo ver seu sorriso
Para se sentir mais feliz.

Out/1980

Amarga Realidade


Por que penso?
Será que penso
Talvez eu fale, mas não escuto nada.
Acho que estou surda.
Não! Não sou eu que estou surda.
É o mundo que ficou mudo.

Calo-me...
Por que calo?
Não quero me calar
Eu tenho que falar.
Eu preciso gritar...
Liberdade! Liberdade!

Ei, você!
Está me ouvindo?
Faça alguma coisa.
Procure o amor nos olhos das pessoas.

Amor...
O que é amor?
A, de amor,
M, de morte,
O, de ódio,
R, de rancor.
Será isso a definição de amor?

Não, não pode ser.
Meu coração sente o que é o amor.
Meu coração quer explodir
E espalhar amor pela cidade.
Mas não há mais lugar para o amor.
O que fazer?

Estou perdida.
Por onde começar?
Como caminhar num mundo imundo?
Não,,, por favor... não me matem.
É preciso fazer alguma coisa.
Desate suas mãos,
Solte sua voz.
Grite!
Mais alto!
Mais forte!
Liberdade para a vida.
Liberdade para o amor.
Eu quero agarrar o mundo
Com a força da minha dor.

Set/1980